"Vou provar ao povo que não fiz nada", diz Temer a respeito de conversas gravadas
Donos da JBS acusam presidente de dar aval para comprarem silêncio de Eduardo Cunha
Ester Marini,
Guilherme Kalel,
Leandro Goldman,
Gabrielle Rial
Reportagem Especial
19/05/2017
Na noite da última quarta-feira, 17, uma crise sem precedentes na área de politica se instaurou no Brasil.
Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, maior empresa de carnes do mundo, tiveram suas delações premiadas feitas a Justiça reveladas pelo Jornal O Globo.
Ainda é desconhecida a forma como o jornal teve acesso as delações, já que eram mantidas sob sigilo pelo Supremo Tribunal Federal.
Mas seu conteúdo é perturbador e caiu como uma bomba no cenário politico.
Os irmãos Batista disseram em depoimento, terem gravado conversas com politicos em tons comprometedores.
Aécio Neves teria pedido R$ 2 Mi em propina, para pagar sua defesa na Lava Jato.
O agora senador afastado, responde seis inquéritos na operação.
Já o presidente Michel Temer, teria sido gravado dando aval para que fosse comprado o silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha, do PMDB, preso desde outubro do ano passado, e já condenado por Sérgio Moro na Lava Jato.
Aécio se defendeu, dizendo que nunca pediu dinheiro para desvio de finalidades.
Disse ainda, que o assunto tratado com Joesley e que foi gravado sem seu conhecimento, se referia a uma transação pessoal.
O senador afastado pediu apoio financeiro para custear sua defesa por meio de um empréstimo legal, pois não dispunha de recursos.
Ofereceu um apartamento da família para que fosse vendido ao executivo, mas Joesley não quis.
Partiu dele, Joesley, a ideia de dar o dinheiro, R$ 2 Mi, que seriam retirados da JBS, de operações legais da empresa.
Por sua vez, Aécio teria aceito pois jamais pensou que o empresário estivesse gravando ou tentasse usar tal gravação para benefício de delação.
O presidente Michel Temer também se defendeu.
Disse que não autorizou e nem pediu, que valores fossem pagos para comprar o silêncio de Cunha ou de qualquer outra pessoa.
Confirmou ter recebido Joesley para uma conversa, porém disse que não foi isso que foi tratado.
Na tarde de quinta-feira, 18, Michel Temer aceitou conceder uma entrevista exclusiva ao Grupo Kester.
Participaram da entrevista o núcleo de politica do Grupo, formado pela jornalista Ester Marini, que estava em Brasília, e pelos jornalistas Guilherme Kalel, Leandro Goldman e Gabrielle Rial, por meio do Integra em teleconferência.
Temer disse na entrevista, que iria mostrar as pessoas que não fez nada do que foi acusado, e rebateu as delações.
"Fazem parte de uma conspiração", disse o presidente.
Acompanhe abaixo, a entrevista completa.
Grupo Kester - "Presidente Michel Temer, o que o senhor tem a dizer sobre as delações da JBS, que te mergulharam na pior crise da historia do Brasil?"
Presidente Michel Temer - "Tenho a dizer que eu não fiz nada, vou mostrar isto ao povo e a Justiça.
Não autorizei nem dei aval, para que fosse comprado o silêncio nem de Cunha nem de ninguém."
Kester - "Se o senhor não fez isso, como ele disse ter uma gravação?"
Temer - "Não sei sinceramente o que há nesta gravação, por isso pedimos hoje ao Supremo que autorizasse ouvir este áudio, só depois de ouvir vou poder dizer ao certo o que se foi dito.
Mas posso afirmar com convicção, que independente do que esteja lá, nunca disse para comprarem o silêncio de ninguém, nem como presidente licenciado do PMDB, nem como presidente da república."
Kester - "O senhor mandou ele tratar de pagamentos com Rodrigo Loures?"
Temer - "Eu disse para ele, que o que tivesse de tratar referente ao governo, era para fazer com o Rodrigo, ele era ligado ao governo e poderia fazer mais facilmente
as coisas importantes chegarem onde precisavam chegar.
Mas isso não quer dizer que eu pedi dinheiro, que mandei pagar, ou que eu tenha trocado favores."
Kester - "Em delação, a policia filmou entrega de malas com dinheiro a Loures, o que era aquilo?"
Temer - "Aquilo vão ter que avaliar com ele. Claro que o Joesley tinha intenção de produzir provas para sua delação, então armou todo o encontro e o pagamento.
Mas por que ele pagou? Isso eu não sei."
Kester - "O senhor acredita então, que por qual motivo esta bomba estourou agora?"
Temer - "Nós pegamos um país em recessão, e estamos quase o tirando dela.
Fizemos um excelente trabalho, e os índices não nos deixam mentir. A economia esta equilibrada, as coisas voltando ao normal, é óbvio que alguém não quer que tenhamos sucesso.
Me sinto vítima de uma conspiração, para não governar o Brasil."
Kester - "E quem acha que está por trás desta conspiração?"
Temer - "Pessoas que se sentem ameaçadas pelas mudanças que estamos fazendo, que estão envolvidas na Lava Jato, que são da oposição.
Podemos direcionar muita gente neste sentido e é cedo sem investigar, apontar quem seria o beneficiário."
Kester - "O senhor tem contra si, uma série de pedidos de Impeachment, o governo não se sustenta, o que fazer?"
Temer - "Mostrar as pessoas que estou sendo vítima de uma conspiração, e que o Brasil não pode retroceder agora.
O que temos de fazer neste momento é nos unir, porque só com união superamos a crise."
Kester - "E o senhor pretende renunciar?"
Temer - "Não, eu não renunciarei não há esta hipótese em mente.