Duque acusa Lula de controlar esquema de corrupção da Petrobras e diz que partido sabia das ações desde 2003
Ele depôs por opção ao Juiz Sérgio Moro nesta sexta-feira em Curitiba e pela primeira vez falou sobre o caso
Larissa Dias e Leandro Goldman
06/05/2017
O ex-diretor de serviços da Petrobras, Renato Duque, condenado há mais de 57 anos de prisão pela Lava Jato, em quatro processos criminais nos quais foi réu por corrupção e lavagem de dinheiro, quebrou seu silêncio.
Preso desde 2015 e já condenado, esta foi a primeira vez na qual decidiu falar e de própria iniciativa, a Justiça.
Ele prestou depoimento por seu pedido a Sérgio Moro, nesta sexta-feira, 5, em Curitiba.
Em sua fala, Duque deixou claro que o PT e todos os seus filiados, sabiam desde 2003, que havia um pagamento de propinas dentro da Petrobras.
Ele contou que assumiu a diretoria em 2003, e que desde esta época o pagamento de propina a partidos e politicos já existia na companhia.
Contou em detalhes como era feita esta decisão e disse ter tratado com diretores do PT a respeito dessas propinas.
Falou mais, e detalhou que o ex-presidente Lula também sabia e participava dos desvios.
Duque contou que pelo menos por três vezes entre 2012 e 2014, se reuniu com Lula para tratar sobre o tema.
Na última reunião, em 2014, falou com o ex-presidente a respeito de diretores da companhia que estariam na mira da Justiça, preocupação da então presidente Dilma Rousseff.
Renato Duque disse que quer pagar pelos crimes que cometeu, e que pretende colaborar com as investigações da operação, que já tem 40 fases de duração e existe desde 2014.
Ele disse ainda, que se arrependeu de tantos desvios e que chegou em um determinado momento, em que viu que não precisava mais desviar para sobreviver.
Apesar de ter o suficiente, continuou os desvios porque os partidos não paravam, e fez transferências de recursos para fora do país.
A Policia Federal, o acusou de mandar mais de 20 Milhões de Euros, para o Principado de Mônaco, onde mantinha contas secretas.
Para a defesa de Lula, a estratégia de Duque foi um ato desesperado e armado para uma eventual condenação do ex-presidente.
O advogado que o defende, disse que em mais de dois anos, a Lava Jato não conseguiu produzir provas de que Lula fosse culpado ou que soubesse de qualquer coisa,
e que estranha um depoimento destes surgir, as vésperas de Lula começar a falar na operação.
Na semana que vem, o ex-presidente vai prestar depoimento ao Juiz Federal Sérgio Moro, em uma das ações da Lava Jato.
O depoimento vai ser filmado e vai ter divisão de pessoas pró e contrárias a Lula, na rua na porta da sede da Justiça Federal.
A defesa de Lula arrolou 87 testemunhas no processo, que devem depor em favor do ex-presidente.
Moro aceitou o total, apesar de considerar o número elevado, para evitar acusação de cerceamento de defesa.