Crise no governo segue com caso Geddel e ex-ministro diz que também foi pressionado por Temer
Ester Marini
25/11/2016
A crise que paira sob o Palácio do Planalto no caso Geddel, continua e parece longe de ter um fim.
A cada novo dia surgem mais e mais capítulos que tornam esta uma novela longe de ser encerrada e com desdobramentos impressionantes e complexos.
Nesta quinta-feira, o ex-ministro da cultura Marcelo Calero, prestou depoimento a Polícia Federal em Brasília, para falar sobre o caso.
Ele confirmou ter sido pressionado pelo Ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima, para a liberação da construção de um prédio de luxo em Salvador,
onde o Ministro havia adquirido um apartamento ainda na planta.
O local estaria irregular pela altura que seria construído, mas Geddel queria que Calero resolvesse esta questão e que a Pasta da Cultura liberasse a construção.
Calero contou a polícia, que procurou outros ministros de Temer e o próprio presidente para relatar o que estava acontecendo.
E que em uma reunião a portas fechadas com o presidente, Michel Temer teria pedido que ele encontrasse uma saída técnica para a crise.
Mas nas palavras de Temer, essa saída era para fazer o que Geddel havia o pedido para fazer.
Calero disse que se sentiu também pressionado pelo presidente da república, e que isto foi primordial para que tomasse a decisão de pedir demissão do governo.
O Porta-voz da presidência disse na noite desta quinta-feira, 24, que o presidente Michel Temer conversou com Marcelo Calero e que o pediu que encontrasse uma saída para esta crise.
Mas que o intuito do presidente foi o de apaziguar a situação e não pressionar o então Ministro.
O caso
No último dia 18 de novembro o então Ministro da Cultura Marcelo Calero, pediu demissão de seu cargo ao presidente Michel Temer.
A demissão aconteceu porque Calero alegou ter sido pressionado pelo Ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima, para liberar a construção de um prédio de luxo em Salvador.
Geddel teria adquirido um imóvel no edifício que seria construído, mas que estaria fora dos padrões estabelecidos pelo Ipan, instituto subordinado a Pasta da Cultura.
Marcelo Calero se negou a fazer vistas grossas e a mudar a autorização para a construção do prédio, pedindo demissão logo em seguida.
O deputado federal Roberto Freire assumiu seu lugar, em uma posse nesta quarta-feira, 23.
Por causa da denuncia de Calero de pressão do Ministro Geddel, a Comissão de Ética da Presidência da República, abriu no dia 21 de novembro, um processo para avaliar a conduta do Ministro.
Se comprovada a pressão, o órgão pode recomendar a demissão para o presidente Michel Temer.
Entretanto, dando a questão por encerrada no decorrer da semana, Temer já disse que Geddel fica no governo.
Geddel Vieira Lima é um articulador e antigo aliado de Temer. Foi um dos principais idealizadores do Impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e é homem forte dentro do governo.