Facções criminosas promovem guerra pela disputa do tráfico no Brasil
Eduarda Sampaio
Reportagem Especial
06/02/2017
O ano de 2017 teve um inicio pouco convencional e diferente de anos anteriores dentro dos presídios brasileiros.
No final do ano passado, duas das maiores facções criminosas do país, encerraram uma trégua que perdurou por quase 10 anos e voltaram a disputar território entre si.
Com isso, facções menores do norte e nordeste do país, aliadas as grandes que disputam o poder, também passaram a se enfrentar.
O resultado foi um massacre que se repetiu em diversos presídios do norte e nordeste do Brasil, sendo necessária inclusive intervenção federal.
Enquanto as coisas ainda tentam ser acalmadas e os criminosos detidos seguem com o banho de sangue, a Reportagem do Portal A3 tentou entender o que de fato levou ao rompimento dessas relações.
Em entrevista com pessoas ligadas as facções, sob condições de anonimato, apurou-se que as disputas se intensificaram ao longo de 2016, depois da morte de um traficante ligado ao Comando Vermelho, uma das facções na guerra.
O Primeiro Comando da Capital, fundada em São Paulo e presente em quase todos os estados do país, passou a controlar com maior facilidade o tráfico principalmente trazendo drogas pelas fronteiras do país.
A partir de então, como a facção estava cada vez mais se fortalecendo, houve um detrito entre as relações e a disputa acabou ficando mais acirrada.
Com o CV perdendo território e o PCC avançando, as ordens foram para que a trégua chegasse ao fim e cada um defendesse seu ponto de distribuição.
A partir daí, ordens para massacres em presídios foram dadas. Inicialmente a primeira partiu da Família do Norte, ocorrida no RN.
Posteriormente, 56 presos foram assassinados, pertencentes ao PCC ou a facções interligadas a ela.
A resposta veio em seguida, em Rondônia, onde 33 presos foram mortos, desta feita a mando do PCC.
As mortes nas cadeias vinham sempre com requintes de crueldade, e depois de rebeliões intensas.
O governo federal interveio e mandou as Forças Armadas para alguns desses locais, para que pudesse acalmar um pouco mais as coisas.
Paralelamente, internamente dentro das facções a ordem de expandir territórios ainda está vigente.
Mas o que não se sabe ainda, é se surgiriam mais mortes a mando dos líderes neste processo.
O que o Portal A3 conseguiu apurar, é que as facções criminosas estão em guerra, e que esta parece distante de ser encerrada, embora tenha ficado menos vigente nos últimos dias.
O que está em jogo agora, não são as condições dos detentos, mas sim o poder financeiro e de expansão de suas facções.
Contra isto o governo pouco pode fazer, já que o Brasil não possue muita efetividade no que se refere a conter o crime organizado.
Não fosse isso uma verdade máxima, o país se quer teria uma facção, que dirá tantas espalhadas como acontece hoje e com tanto poder de fogo e de estar presente em todos os lugares.