Temer é denunciado a Justiça e pedido chega a Câmara Federal
Ester Marini
30/06/2017
O Presidente Michel Temer está em cada dia mais, situação complicada com a Justiça.
Nesta quinta-feira, 29 de junho, chegou a Câmara dos Deputados em Brasília, a denúncia oferecida pela Procuradoria Geral contra o mandatário do país, pelo crime de corrupção passiva.
Temer foi notificado sobre a denúncia, na tarde de quinta-feira no Planalto.
Agora, o Presidente tem o prazo de 10 sessões do plenário da casa para que possa apresentar sua defesa.
Em seguida, a comissão de Justiça da casa vai votar um parecer que deve ser elaborado, recomendando a rejeição ou o aceite da denúncia.
Independente disso, o relatório da Comissão é submetido ao plenário onde os deputados devem votar.
Para que Temer tenha a denúncia prosseguida, precisa que 342 deputados dos 513 atuais, votem por investiga-lo.
Se isso acontecer, o processo vai voltar ao Supremo Tribunal Federal, com a denúncia autorizada os Ministros decidem se Michel Temer vai virar réu.
Se sim, o Presidente pode ser afastado por até 180 dias de seu cargo, sendo condenado perde o mandato num processo de Impeachment.
Se na Câmara, os deputados rejeitarem a denúncia, isso não acontece e as acusações contra Temer seriam arquivadas.
Mas parece que cada dia mais, o governo fica distante de conseguir fazer este arquivamento. Embora acredita ter certa vantagem na casa de leis, a base de Michel Temer nunca esteve tão dividida.
Por que a denúncia
Michel Temer foi denunciado pelo Procurador Rodrigo Janot, com base na delação premiada dos executivos da JBS, maiores produtores de carne animal do mundo.
Um dos donos da companhia, Joesley Batista, gravou o Presidente num encontro em março, no Palácio do Jaburu, Residência Oficial do Presidente.
Na gravação, Joesley fala sobre pagamento de propinas a procuradores e juízes para barrar a Lava Jato, pede ajuda de Temer para resolver questões, e diz que está mantendo bom relacionamento com o ex-deputado Eduardo Cunha, preso em Curitiba.
Batista diz que está o pagando mensalmente para evitar uma delação, e Temer dá anuência segundo o Procurador Geral para que esses pagamentos prossigam.
Semanas depois, um Assessor Especial de Temer é flagrado pela Policia Federal, recebendo uma mala da JBS contendo R$ 500 Mil.
Não há provas que o valor tenha chegado as mãos do presidente, porque o dinheiro foi devolvido a Policia pelo Assessor, Rodrigo Rocha Loures, preso em Brasília pela PF no mês passado.
Para a Procuradoria Geral, não há dúvidas de que Michel Temer recebeu vantagens indevidas para favorecer a JBS, nem que o presidente mandou comprar o silêncio de Eduardo Cunha.
Joesley e demais executivos da empresa, relatam que pagavam semanalmente uma propina num prazo de 25 anos, numa espécie de aposentadoria para Temer e Loures.
Michel Temer foi denunciado por corrupção passiva, mas ainda há outras denúncias que são investigadas pela Procuradoria, entre elas, o crime de obstrução a Justiça.